A história de Verônica tem muito a nos ensinar em vários aspectos ainda nos dias de hoje. É natural fazermos uma reflexão a respeito dos sentimentos vividos por essa mulher, discipula de Jesus, que o acompanhou em cada passo de Seu sofrimento.
No entanto, somos convidados a avançar nosso olhar para além do sentimento vivido por ela, refletindo de maneira especial suas atitudes e ações diante daquela cena (de amor e sofrimento) que Veronica testemunhava com seus próprios olhos.
Ela venceu seus medos, o sentimento e a tristeza não puderam paralisá-la.
Os relatos bíblicos nos levam a considerar que havia muitas pessoas que seguiam Jesus (Lc 23, 28-31), e consequentemente estavam acompanhando a cena do sofrimento durante todo o percurso até chegar ao calvário. Alguns apenas olhavam, outros caçoavam e riam, outros gritavam.
Mas vale ressaltar que muitos também choravam, sofriam ao se deparem com tanta crueldade diante dos seus olhos daquele homem que mudou suas vidas. Diante disso, nos cabe uma primeira pergunta: Quantos tiveram a coragem e atitude de Verônica? Dentre estas multidões.
É obvio que o sofrimento e a tristeza tomaram conta do coração daquela mulher que amava Jesus.
Seu amor foi tanto, que conseguiu transformar seu sentimento (de tristeza e sofrimento) em impulso de amor e coragem, mesmo diante dos inimigos de Cristo. Este amor fez com Verônica que se aproximasse de Jesus para amenizar um pouquinho sua incomparável dor. Ela venceu seus medos, o sentimento e a tristeza não puderam paralisá-la.
Quantas vezes nos deparamos com o sofrimento dos irmãos, sem emprego, com fome, doente, sozinho... e simplesmente paralisamos ou ignoramos? As notícias dos telejornais, as guerras, os preconceitos a doença na casa do vizinho e tantas outras situações que nos fazem sentir tristeza e se compadecer da situação do outro, mas que fica somente no sentimento?
Nós temos essa tendência de pararmos muitas vezes apenas nos sentimentos, Amamos mas não demonstramos com palavras e nem com atitudes, queremos o perdão mas não pedimos perdão e nem perdoamos, deixamos muitas vezes o medo, o orgulho, a vaidade nos impedir de reagir diante de tantas situações.
O período da quaresma nos ajuda a nos refugiar no deserto dos nossos sentimentos e atitudes.
Através da oração, do jejum e da caridade que nos leva a verdadeira prática no cotidiano de nossas vidas, onde somos chamados a sair do sentimento para viver efetivamente em Atos, verdadeiros Atos de Apóstolos de Cristo, transpor o sentimento em atos que nos aproximem mais da semelhança com Cristo.
Nesse contexto o Véu de Verônica, nos remete a essa impressão de Jesus em nós.
Aqueles que tem ousadia de estar com o Cristo (açoitado), unir os próprios sofrimentos aos sofrimentos dele, garantem – em si mesmos – a impressão da face de Jesus.
Esta coragem de estar com Cristo deixa Sua face impressa em nós, em nossas vidas e em nossos corações, como disse São Paulo na Carta aos Gálatas(2-20) Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim. Que o próprio Cristo Jesus no ajude a viver mais de Atos do que de Palavras.
“E que nossos sentimentos não nos paralisem diante do caminho para o Céu” (Pe. Paulo Ricardo)
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