No nosso dia a dia, somos rodeados de cobranças e obrigações quanto a trabalho, estudos, afazeres do lar e até mesmo serviços nas igrejas, movimentos e novas comunidades . Por mais que muitas vezes, seja humanamente impossível realizar tudo, somos de alguma forma forçados a dar conta, de preferência o mais rápido possível e com excelência. Ser estudante, filha(o), pai, profissional, casado, cristão, quantas coisas para uma pessoa só. Alguém se identifica?
Essa pressão, em dar conta de tudo, pode vir do outro, mas muitas vezes parte de nós mesmos. Tudo isso me traz alguns questionamentos: como isso tem nos afetado diretamente? Quais consequências essa “pressão” diária trás para a minha vida? Será que eu, muitas vezes sem perceber, reproduzo essa pressão com o outro?
Sabemos que a afetividade consegue determinar o modo como nós visualizamos o mundo, e também a forma como agimos nele, ou seja, uma experiência, acontecimento que possa ter me afetado de uma forma negativa tem a grande probabilidade de fazer com que eu enxergue essa situação como ruim e transmita isso a outras pessoas.
Entendendo isso, é importante saber filtrar as situações e assim nos blindar de certas cobranças e pressões que só fazem a nos impor modos de existir produtivos, ou seja, eu só sirvo se eu fizer algo que as pessoas vejam, só sou inteligente se tirar 10 na prova, só sou uma boa mãe se meus filhos não fizerem birra, só sou um bom profissional se fizer meu trabalho além do esperado e que dê lucro... Claro.
Agora, nos voltemos a nossa realidade como cristãos. Quais consequências essas pressões diárias trazem para a nossa vivência de fé? Temos feito as coisas na igreja, comunidade por que mandaram ou por que eu vejo sentido nisto? Como isso reflete na nossa convivência com os irmãos? Com frequência o ser missionário na Igreja não é reconhecido, por quem está de fora, no mundo do trabalho por exemplo, como sendo algo “produtivo”. E isso reduz o nosso valor? Jamais.
É como diz a palavra, “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 6,1). O nosso ser missionário, doar a nossa vida, o servir é nosso dever de cristãos, e isso vai além de uma obrigação ou uma cobrança, precisa ser a nossa meta de vida, o que nos preenche. O não reconhecimento das nossas obras perante outras pessoas, deve ser o nosso combustível para nos mover e deixar com que os frutos de nossas obras falem por si só.
Em suma, quero dizer que devemos nos deixar ser afetados por aquilo que vem de Deus. Sendo jovem, adulto, homem ou mulher precisamos dar a devida atenção a aquilo que ele nos diz, e é importante perguntarmos a ele todos os dias. Senhor, o que queres de mim hoje? Diante da resposta, precisamos nos importar apenas com aquilo que Deus espera de nós, aquilo que Deus quer de nós.
Que neste dia, possamos pedir ao Senhor que toque em todo esse excesso de cobrança minha, comigo mesmo e de importância ao que os outros pensam e acham de mim. Pedir para que também o Senhor toque na perda do sentido do servir. Que o senhor também nos ajude a ter o equilíbrio do fazer e nos ajude a priorizar aquilo que vem dele.
Deus abençoe.
Nicolle Marcondes
Vocacionada do Discipulado II
Comunidade Católica Instrumento de Deus
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