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Três Homens e suas Cruzes

No ano de 33 d.c aconteceu algo que mudou o rumo da nossa história até os dias de hoje e continuará mudando por todas as gerações. Mudança que se deu por meio da crucificação e morte de um homem, Jesus Cristo. Nesta morte, ecoou a certeza do amor inabalável de Deus por cada um de nós.


Cruz de Jesus e dos dois ladões
Encenação da Paixão - Ano de 2023

Jesus foi condenado e pagou por esta condenação ao lado de dois ladrões que também foram sentenciados a uma cruz de madeira para esperar pela morte. Naquela cruz (de Cristo) de Jesus ficou todo o nosso mal, todo o nosso pecado que nos deu a oportunidade de reconciliarmos e voltar o nosso coração para Deus.


Mas veja só, por que Jesus foi crucificado com dois ladrões? Será que ele também não quer falar conosco através deste fato? O acontecimento foi este: Três cruzes no Calvário, e quando paramos para refletir profundamente nos fatos que ocorreram, vemos que cada cruz tem um significado.


O primeiro homem morreu com o pecado em si e sobre si. - Podemos dizer que esta é a cruz da revolta e do desespero.

O segundo homem morreu como pecador. - Mas sem a culpa sobre si, podemos dizer que esta cruz é a do arrependimento.

O terceiro homem morreu com culpa sobre ele. – Porém, este não era culpado, podemos dizer então que esta é a cruz da inocência.


A Cruz da Revolta e do desespero


“Se é Cristo salva-te a ti mesmo e a nós” (Lc 23, 39)


O primeiro ladrão apresenta uma atitude totalmente de revolta e blasfema contra Deus.

Não se arrepende, não é capaz de abrir o coração, está cego, está com raiva, por isso não consegue enxergar a verdade do momento.


Quantas vezes, em nossas situações do dia a dia, também nós não relutamos em enxergar a verdade? E muitas vezes vamos nos encontrando com raiva, em desespero, simplesmente pelo fato de não querermos aceitar as consequências dos nossos erros e aí vamos culpando os outros, até que passamos a culpar a Deus pelos nossos erros.

Aquele ladrão ficou inerte, paralisado, cego e não se abriu a graça nos seus últimos momentos de vida. Hoje nós temos a oportunidade de rever a nossa vida, fazer este exame de consciência se, por acaso, não estamos uma cruz da revolta e do desespero na nossa vida.


Será que a minha e a sua atitude é diferente da deste ladrão nos desafios (cruzes) do ordinário de nossa vida? Quais as situações que têm lhe levado ao sentimento de revolta ou de indignação? Precisamos nos esforçar para abandonar esta cruz, ela nos afasta de Deus.


A Cruz do Arrependimento


“Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum” (Lc 23, 40-41)


O segundo ladrão viveu uma mudança em seu coração, uma mudança que gerou abertura da visão sobre a própria verdade, sobre sua miséria e se deparou com o Cristo ao seu lado. Reconhecendo em si as próprias misérias, pecados, limitações, debilidades e culpa, se deparou com o coração misericordioso de Jesus, se arrependeu dos seus pecados e se converteu no último instante de vida.


“Jesus lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no paraíso.” (Lc 23, 42-43).


Este ladrão estava cego, porém seus olhos foram se abrindo. Fico pensando quantos de nós temos a oportunidade de viver o nosso arrependimento, parar com um certo vicio, pedir perdão, e assumir o projeto de Deus nas nossas vidas, mas escolhemos não fazer, ou postergar.


Esta cruz certamente deveria ser nossa. Somos culpados pelos nossos pecados e somos convidados, como este ladrão, a reconhecer as nossas falhas. Considerar o mal uso que fizemos de nossa liberdade.


Tal encontro com nossa verdade reque que nos coloquemos humildemente na presença de Deus, com o coração verdadeiramente arrependido. Façamos hoje o que precisa ser feito para que caia por terra tudo aquilo que nos prende, nos escraviza e nos impede de viver um arrependimento profundo e verdadeiro. Pois não sabemos o dia e nem a hora da nossa morte, como temos nos preparados?


A Cruz da Inocência


Jesus morreu por nós e pelos nossos pecados, não podemos ser indiferentes a isso.

Contemplar a cruz de Cristo é permitir-se estar com ele, abraçando a cruz a todo e qualquer sofrimento que a vida possa nos causar. Jesus nos diz: “Quem quiser me seguir, tome a sua Cruz e siga-me” (Lc 9,23). Cruz esta que salva a nossa vida e nos da a oportunidade de termos um coração humilde e desejosos de Deus.


Precisamos romper com os nossos pecados, com nossas atitudes egoístas e de desespero para que de fato possamos viver um arrependimento profundo e verdadeiro, seguido da decisão de viver uma vida transformada. Necessitamos de uma verdadeira Metanoia, mudar a direção de tudo aquilo que ainda é peso e pecado na nossa vida.


Que nesta quaresma você possa pedir esta graça de uma conversão sincera, de uma boa confissão e aceitar os próprios sofrimentos como purificação da sua vida.

A forma como enxergamos ou abraçamos cada uma destas cruzes nos faz estar perto ou distantes de Deus.



 Paz e Bem!

Christianne Marcelino

Consagrada

 

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