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PERDÃO SENHOR, POIS PECAMOS CONTRA VÓS!

“Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. Eu reconheço a minha iniquidade, diante de mim está o meu pecado. Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós”.

(Salmo 50, 3-6)


Em todas as missas rezamos assim: Pai nosso que estais nos céus. Santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade; assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido. E, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.


Hoje vamos falar sobre o Sacramento da Reconciliação e gostaria de começar esta reflexão pelo final da oração: E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.


Você já levou a sério esta frase da oração do Pai-nosso? Você tem consciência do que está falando nesta parte da oração?


As vezes tenho a sensação, quando estou celebrando a missa, diante de muitos papagaios. Vou explicar. Se pegarmos um papagaio e ensinarmos ele a rezá-lo ele vai aprender e com o tempo estar rezando o Pai-nosso assim que pedirmos para ele rezar, mas se perguntarmos ao papagaio o que ele entende da oração se ele sabe o que está dizendo iremos perceber que ele não sabe nada daquilo que está dizendo. Assim acontece com muitos de nossos irmãos católicos que desde pequenos aprenderam a rezar a oração que Jesus nos ensinou alguns rezam todos os dias, mas no fundo não sabem o que estão dizendo. Isso é triste!! E, é assim que me sinto muitas vezes quando na misso eu digo: “Rezemos com amor e confiança a oração que o Senhor nos ensinou”.


Cada palavra do Pai-nosso tem um significado muito forte para a nossa vida com Deus nosso Pai e também com nossos irmãos. E isso acontece com a última parte da oração “E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém”


O Catecismo da Igreja Católica vai nos ensinar a respeito dessa parte da oração que:


A) Dizer não nos deixeis cair em tentação significa pedir a Deus que não nos deixe indefesos na violência da tentação. O próprio Jesus, que foi tentado, sabe que somos pessoas fracas, que não conseguem resistir ao mal pelas próprias forças. Ele apresenta-nos, então, o pedido do Pai Nosso que nos ensina a confiar no auxílio de Deus na hora da provação.

B) Dizer livrai-nos do mal não se refere a uma força ou uma energia espiritual negativa, mas ao mal em pessoa, que a Sagrada Escritura conhece pelos nomes de Tentador, Maligno, Pai da mentira, Satanás e Diabo.


Essa explicação do Catecismo nos faz perceber duas coisas importantes para a nossa vida. Primeiro somos fracos precisamos do auxílio de Deus pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra os espíritos malignos que estão espalhados pelos ares (Cf. Ef 6, 10). Segundo o Mal existe e é um ser atuante na face da terra.


Existe hoje, aliás há muito tempo surgiu no meio da Igreja a ideia de que o Diabo não existe de que isto era uma invenção do período da Idade Média para deixar as pessoas escravizadas pelo medo. Muitos leigos e leigas, religiosos e religiosas e até padres que pensam assim e também ensinam o seu rebanho assim.


Charles Baudelaire (1821-1867, poeta lírico francês) vai dizer: “A maior falcatrua do Diabo é convencer-nos de que ele não existe” (Cf. Youcat, p.286).


Olhando ainda para este trecho da oração do Pai-nosso vamos perceber que a violência do Mal vai entrar em nossa vida por duas portas:


A) Pelas tentações;

B) Pelas falsas doutrinas.

A) AS TENTAÇÕES


A tentação é a situação em que a vontade tem de escolher entre duas opções, sabendo que uma opção é boa e a outra é má, porém se sente atraída para a última. Sabe que se trata da má, mas, por alguma razão, sente atração para ela. O erro de cair na tentação não é falta de inteligência, não é um problema de debilidade da razão, pois se não soubesse que essa opção era má, pecaria por ignorância e, portanto, não pecaria. Para pecar a pessoa deve saber o que está escolhendo. Não existe pecado sem má consciência. Isso é o que faz o pecado tão interessante do ponto de vista intelectual: por que escolhemos o mal sabendo que é mal? É um verdadeiro mistério. (FORTEA, P.39, 2010)


Portanto, para romper com a ação do Mal em nossa vida, o primeiro passo é renunciar ao pecado. Daí vem a pergunta que devemos fazer nesta noite: Qual é o meu pecado? Para iluminar nossa resposta vamos nos servir da confissão que fazemos dos nossos pecados na Santa Missa: “Confesso a Deus Pai todo poderoso e a vós irmãos e irmãs que pequei muitas vezes, por pensamentos e palavras, atos e omissões. Por minha culpa, tão grande culpa. E peço a Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós irmãos e irmãs que rogueis por mim a Deus Pai todo Poderoso”.


Olhando para esta simples, porém, profunda confissão, vamos encontrar um caminho para vermos por onde a tentação e logo o pecado entra em nossa vida: pensamentos, palavras, atos e omissões.


a. Pensamentos: a porta de entrada para o pecado na nossa vida é pelos pensamentos. É na mente que o tentador vai trabalhar. Santo Antão já dizia: “Mente vazia. Oficina do diábo!”.

É na mente que vão surgir os pensamentos de raiva, mágoa, ressentimento, vingança...

É na mente que vão surgir os pensamentos maliciosos ...

É na mente que vão surgir os questionamentos a respeito da fé ...

É na mente que vai surgir a inveja, o ciúme ...

É na mente que vai surgir o desejo pela droga, pelo cigarro ...

É na mente que vai ser alimentado o desânimo, a tristeza ...

É na mente que vai ser alimentado o desejo de se matar ...

É na mente que surge o adultério ...

Enfim, é na mente que surgem os roubos, as mentiras, as calunias, as difamações, os mais obscuros desejos.

b. Palavras: depois de gerado na mente o pecado segue três caminhos o primeiro são as palavras. Quantas palavras malditas saem de nossos lábios: palavrões, piadas sujas, mentiras, calúnias, xingamentos, discussões, palavras maliciosas, palavras que machucam e as vezes destroem a vida dos outros ...

c. Atos: o segundo caminho são os atos que são gerados na mente: brigas, atos maliciosos, abandonar a Igreja e seguir outra fé, atos de inveja, atos de ciúme, o uso das drogas, o adultério.

d. Omissões: o terceiro caminho são as omissões, ou seja, as vezes que tivemos a oportunidade de fazer o bem e não fizemos:

- negando o perdão pedido;

- não pedindo perdão;

- não ajudando na Igreja;

- não ajudando o próximo.

Enfim, queridos irmãos essa é a primeira porta de entrada pela qual a ação do Mal entra em nossa vida.

B) AS FALSAS DOUTRINAS

A outra porta pela qual as maldições entram em nossa vida é o caminho das falsas doutrinas. Santo Agostinho ao falar do diabo vai dizer: “O díábo é um macaco, pois, assim como o macaco gosta de imitar o homem, o diábo gosta de imitar a Deus, pois ele pensa ser Deus”.

Então se Deus criou a Igreja com seus ministros, sacramentos e sacramentais. O diábo vai querer imitá-lo criando uma série de falsas doutrinas com seus ministros e seus rituais onde por meio deles as pessoas vão ficar presas nele.

Mas para nos atrair para estas falsas doutrinas o diábo usa de uma estratégia:


a. Ele espera a tribulação chegar para nos atacar.

b. Depois ele vai nos roubar a fé: dizendo para nós “que Deus é esse que não te ajuda”, “que Deus é esse que permite que isso aconteça com você”... Assim com estes pensamentos a nossa fé vai esfriando.

c. Depois que ficamos presos a estes pensamentos ele vai matar nossa esperança! Aí ele vai fazer a gente pensar que o problema que estamos enfrentando nunca vai ter fim, vai fazer a gente pensar que não tem saída.

d. Ai sem fé e sem esperança ele vem com a suas falsas doutrinas para nos iludir oferecendo soluções rápidas para nossas tribulações:

- espiritismo (resposta para a morte de um ente querido);

- feitiços (simpatias e trabalhos) para trazer um amor de volta;

- malefícios: trabalhos feitos para prejudicar a vida de uma pessoa;

- procura de lugares para ganhar dinheiro e pagar suas dividas;

- procura de lugares para a cura de doenças graves (cirurgias espirituais);

- jogos para saber o futuro (tarot, leitura de mãos, búzios, leitura de cartas);

- uso da astrologia também para prever o futuro, sobre o amor, negócios e quase todos os aspectos de nossa vida.

Quantas pessoas que caem nesse processo de tentação e estão “contaminadas” pelo diábo. Pois, quem procurou tais lugares sem saber acabaram entrando no mundo do demônio.


O demônio nos contamina igual uma bactéria. Nós vemos a bactéria, não. Mas ela existe e quando entra no nosso organismo faz um mal terrível. Assim é o demônio nós não o vemos, mas quando ele entra na nossa vida faz um mal terrível. E atenção: AS BACTÉRIAS MAIS PERIGOSAS SÃO AS QUE CONTRAÍMOS EM HOSPITAIS!!! Cuidado com o hospital que você está procurando a sua cura, libertação, enfim, a sua vitória. Cuidado, para não ser enganado e aí ao em vez de voltar curado, voltar para casa contaminado pelo mal!!!


O que fazer para romper com a ação do Mal?


Primeiro: renunciar ao pecado. Segundo: renunciar ao demônio e suas obras. Terceiro: aceitar Jesus como Salvador de nossas vidas. Quarto: viver uma vida de cristão autêntico (indo à missa todos os domingos, rezar todos os dias, ler a bíblia todos os dias, confessar uma vez ao ano e assumir um trabalho na Igreja).


Aproveite este texto e leia perguntando a si mesmo se já se deixou levar pelas tentações acima citadas e, se sim, assim que puder procure um sacerdote para confessar com sinceridade e arrependimento o seu pecado. E assim, pela força do Sacramento da Reconciliação viver na santidade que nosso Deus quer que vivamos.

Que o Senhor nosso Deus neste dia em que nos colocamos na sua presença não nos deixe cair em tentação e sempre todos os dias nos livre do Mal. Amém!!!

Pe. Wagner Aparecido Scarponi, CAM – Pároco

Paróquia São Paulo Apóstolo do Tucuruvi

Região Episcopal Santana

Arquidiocese de São Paulo

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