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Maria, mãe e mestra da disponibilidade


Na data em que a Igreja celebra a Festa da Visitação de Maria, temos a oportunidade de rezar e encontrar na Virgem a inspiração para vivermos a disponibilidade de nosso carisma.


Quero neste artigo partilhar contigo a respeito de uma grande leitura que é rica e alimenta nossa espiritualidade enquanto Comunidade Instrumento de Deus, e espero que - se você não for membro de nossa comunidade - te ajude a rezar a tua vida com Deus.


Vale carregar desde já um questionamento: A minha vida espiritual está me permitindo contemplar e contribuir com a manifestação da graça de Deus?


Havia, por volta do ano 1263 uma festa de nossa Igreja em honra à Deposição da Túnica da Theotokos - uma celebração de uma aparição desta relíquia - que os franciscanos transformaram na festa da Visitação de Maria, que foi passada do dia 02 de Julho para o dia 31 de Maio pelo Concílio Vaticano II.


A Virgem Maria sempre foi, para nossa comunidade, modelo de disponibilidade. 


Lembro aqui, que este é o nosso carisma: SEGUIR JESUS CRISTO, COM DISPONIBILIDADE, ALEGRIA E RADICALIDADE.


E no evangelho da Visitação, aprendemos um pouco mais desta profundidade para viver nosso carisma. 


Neste artigo, quero trazer também muito embasamento de uma experiência que vivemos em um retiro geral de nossa obra, prestes a renovar nossos compromissos.


“O carisma é uma maneira de rezar, de se portar e de viver.”

Para falar da disponibilidade de Maria, precisamos tomar conhecimento também de sua pobreza, humildade e simplicidade.


Maria, se coloca a contemplar a graça de Deus na vida de Isabel. Maria não vai atrás de Isabel para mostrar o que Deus fez na vida dela, mas para contemplar o que o anjo disse que foi feito na vida de Isabel.


E essa visita - saindo de si, se colocando à disposição do outro - permitiu com que Isabel contemplasse, pela vida de Maria, a presença do Salvador.


Vamos perceber que é no ventre de Isabel que João Batista teve o primeiro encontro com Jesus. E nosso fundador nos ensinou certa vez que “olhar João Batista é poder olhar a nossa maneira de viver com intensidade o Carisma” e que, a partir do encontro de Batista com Jesus no ventre de sua mãe, o próprio precursor  já vive a disponibilidade.


Então temos aqui, uma primeira clareza do convite espiritual nesta festa da visitação, que é poder “contemplar a ação de Deus na nossa vida e na vida do outro”. Isso, para que não escape de nossa vida o agir de Deus.


Só que para chegar neste lugar da contemplação, algumas outras aberturas são necessárias.


Uma delas é a intensidade de oração, que vai ter como consequência uma intensa vida no Espírito.


Certa vez a co-fundadora de nossa comunidade nos exortava dizendo que para nós “não é possível ter uma vida de oração morna, porque se nossa humanidade estiver direcionada, nosso carisma será irradiado cada dia mais”.


Com este aspecto da vida de oração e da vida no Espírito, podemos estar sempre atentos ao agir de Deus e isso nos levará à contemplar a Sua manifestação. 


Fica aqui nossa segunda pergunta: Qual foi a última manifestação de Deus na sua vida?


O primeiro lugar que vivemos a disponibilidade é na vida de oração. 



São Máximo, O Confessor vai escrever que no momento em que o Anjo apareceu para anunciar a concepção, “a Virgem já estava jejuando, rezando de pé próximo da fonte, pois ela concebera a fonte da vida.”[1]


Portanto, se não estivermos em intensa oração, não podemos dar os primeiros passos para contemplar a manifestação de Deus. Porque “são as manifestações de Deus que nos ajudam a dar passos”.


Por isso, aqui passamos para um outro lado da disponibilidade que vai nos sustentar para bem viver nossa missão de ser voz de Deus no deserto das vidas. Que é o Batismo no Espírito!


Com a visita de Maria, Isabel ficou repleta do Espírito Santo, logo, João Batista também ficou cheio do Espírito mas a Virgem não estava agindo por conta própria.


O Anjo declarou que o Espírito viria sobre Ela e a cobriria com a sombra do Altíssimo. 


Então, podemos concluir essa necessidade da vida de oração e vida no Espírito. 


Quando passamos a ter uma vida de oração intensa, nos torna possível OUVIR O ANÚNCIO!


Mas aquilo que ouvimos só se torna concreto em nossa vida quando acreditamos. 


A Virgem ouviu o anúncio do anjo, mas Isabel vai dizer para Ela, como testemunha da manifestação de Deus: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,45)


Meus irmãos, é apenas quando nos colocamos em oração, ouvindo e ACREDITANDO, que nos tornamos disponíveis à manifestação de Deus.


E Jesus vai ensinar seus discípulos:


“… Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e vos será dado.” (Marcos 11,24)

E para nós que acreditamos, uma atitude concreta se manifesta… E aqui é o primeiro momento em que passamos para a dimensão missionária e apostólica do ser disponível segundo nosso carisma.


A primeira camada do SER DISPONÍVEL se encontra na vida interior. Mas a segunda camada está no IR.


O fundador nos ensinou que “quem acredita, sai apressadamente!”


Não é uma empolgação, não é uma ansiedade, é uma decisão de fazer e viver de forma concreta. É querer ver e contribuir com a manifestação da vontade do Pai.


Saímos apressadamente porque não guardamos a voz de Deus para nós mesmos. 


Saímos apressadamente porque o desejo pela manifestação de Deus na vida do outro, o desejo de partilhar as maravilhas do Senhor é tão grande que não cabemos só em nós mesmos.


É uma sensibilidade à necessidade. É poder tocar a vida do outro. Me lembra uma frase do fundador da nossa comunidade em uma formação: “Se eu vivo disponível, pela minha vida Deus acontece.”


E essa beleza, nós percebemos na Virgem Maria nesta passagem da visitação, vemos na história de nossos baluartes que gastaram sua vida tendo um encontro pessoal com Jesus seguido sempre de encontros comunitários porque levavam Jesus aos outros pela graça da disponibilidade.



E a contemplação, é sempre o resultado final que comprova uma vida disponível.


Maria contemplou a graça de Deus na sua vida, na de Isabel, na profecia de Simeão, no Pentecostes e eu tantos outros momentos porque viveu de forma disponível.


Maria pôde contemplar em Isabel a manifestação de Deus, e isso a colocou em contato mais uma vez com o primeiro combustível de sua disponibilidade: a pobreza e a humildade.


Por sua humildade, Maria passa a louvar ao Senhor. Contemplando as Maravilhas de Deus, Ela devota tudo a Ele, que olhou para Sua pequenez.


Maria, a mãe da disponibilidade, está sempre a reconhecer que é “serva do Senhor”, e sua alegria se faz completa assim, se colocando a serviço de Deus e do outro.


Ser Instrumento de Deus, é ser disponível!


Que Nossa Senhora da Candelária, nesta festa da visitação, possa rogar por nós e por nosso carisma.




Bruno Aparecido 

Consagrado de Aliança 



Se você quiser conhecer um pouco mais de nossa comunidade, do nosso carisma e da nossa vocação, não deixe de visitar nossa página vocacional e solicitar contato. Clique aqui.


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[1] A vida da Virgem - São Máximo, O Confessor


*As aspas sem referências são frases do Padre Fábio, fundador da comunidade Instrumento de Deus.


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