“A fé é o que nos levanta e nos move, é o Espírito Santo que nos leva a testemunhar, pois Ele é movimento e assim sairemos do nosso comodismo. Então, temos de fazer igual a Jesus Cristo: não perder o foco no objetivo e dar os passos necessários, mesmo com medo, com frio na barriga, com amigos ou até mesmo só, não podemos nos esquecer do porquê de estarmos onde estamos e onde queremos chegar.”
Ao invés de simplesmente falarmos dos problemas, vamos entender de fato o que é a procrastinação. Ao contrário do que muitas vezes é colocado pela sociedade, a procrastinação não é simplesmente como uma preguiça constante, a mesma tem relação com a necessidade instintiva de poupar energia e costuma aparecer diante dos compromissos que não consideramos essenciais ou que sabemos que vão demandar esforço e dedicação extra.
A procrastinação costuma estar conectada à ansiedade, ao medo, cansaço mental, falta de organização e perfeccionismo. Trata-se de emoções e sentimentos que fazem parte do nosso sistema de defesa e existem para nos preservar quanto indivíduos e, consequentemente, quanto espécie. E, ainda mais importante, pode ser um sintoma associado tanto à depressão quanto ao TDAH ou ao TOC. Não existem pessoas preguiçosas, existem pessoas sem entusiasmo com objetivos insólitos.
Ao fazer essa diferenciação de ambos, podemos fazer um breve ligamento: todos somos procrastinadores em potencial. Isso significa transferir para outro dia ou deixar para depois tarefas que não são prazerosas ou que fazem você entrar em contato com alguma dificuldade, não necessariamente é apenas adiar suas atividades.
Um procrastinador perfeccionista, por exemplo, consome todo o seu tempo vendo e revendo detalhes, algo que poderia ajudá-lo no crescimento profissional acaba dificultando a realização de atividades. O procrastinador impostor é aquele que está ligado ao estado depressivo, são aquelas pessoas que simplesmente acabam aderindo uma vulnerabilidade aprendida. Também existe o procrastinador feliz, e você deve estar se perguntando se é possível, a resposta é sim, adiar as tarefas até o último momento de fazê-las e que, às vezes, acabam se saindo bem no final das contas é o que lhes faz “bem”, ele é aquele que sempre precisa de alguém em cima o direcionando a fazer as coisas com prazos. Já o procrastinador sobrecarregado, é a pessoa que tem tantas coisas para fazer que isso o impede de ter uma iniciativa e começa a fazer algo que o deixa estagnado.
A procrastinação e a impulsividade são traços genéticos que estão conectados. Impulsividade, por exemplo, pode ter sido essencial para que os indivíduos do passado pudessem sobreviver em meio às adversidades. Já a procrastinação faz parte de uma história mais recente da humanidade, não sendo totalmente “culpa” sua, já que o mundo te proporciona meios para procrastinar, tais como a Netflix que nos leva a pensar “só mais um episódio”; redes sociais, “só mais um pouquinho”; comer doce, “só mais um pedaço”. Vê como nosso cérebro nos enganar para obter prazeres momentâneos sem pensar no que virá depois?
Ao se sentar hoje, você se reconhece como um procrastinador? Faça questionamentos da sua vida como “estou sendo útil?”, “não sirvo pra nada?”, “será que sou capaz?”, “será que é mesmo isso que devo fazer?”.
Para responder, podemos nos espelhar na caminhada de Jesus, onde seu desejo e sua fé o fizeram capaz de lutar todos os dias e a cada instante por nós. Portanto, considerando tudo que foi dito, como seria se Jesus tivesse deixado para mais tarde os planos de Deus?
Existem meios de modificar, de não ser mais um procrastinador, e, o principal, existe um modo de reeducação para nós que é fazer a identificação do que te leva a procrastinação, como, por exemplo, quando você precisa fazer algo importante e por ironia do destino te dá uma vontade de ir tomar água, comer, ir ao banheiro ou algo que você acha que é uma necessidade, mas acaba sendo uma forma de fugir das atividade. Se você não fizer nada para mudar, a escolha é totalmente sua.
Mesmo que haja uma enorme dificuldade de regular a emoção, é necessário que você estabeleça pequenas metas e evolua para grandes metas. Não ser exigente consigo mesmo, fazer uma coisa de cada vez. Mas, lembre-se, apenas ler textos explicativos, textos motivacionais, não é suficiente! Você precisa agir, precisa de ação! Podemos deixar tudo para depois, contanto que isso não deixe de lado também os nossos sonhos.
Comece de novo, aos poucos, trabalhe seu eu interior, veja como você pode fazer diferente a cada hora do seu dia, não coloque na cabeça que você tem que fazer algo em 24 horas, você tem que fazer em duas ou três, para que seu corpo comece a entender que terá uma nova rotina. Lembre-se das palavras de Jesus “vigiai e orai”. O mundo é como se fosse uma vigília noturna e, para quem não tem fé, vai continuar dormindo e se iludindo com o “depois eu faço”. A fé é o que nos levanta e nos move, é o Espírito Santo que nos leva a testemunhar, pois Ele é movimento e assim sairemos do nosso comodismo. Então, temos de fazer igual a Jesus Cristo: não perder o foco no objetivo e dar os passos necessários, mesmo com medo, com frio na barriga, com amigos ou até mesmo só, não podemos nos esquecer do porquê de estarmos onde estamos e onde queremos chegar.
Fernanda Perin
Vocacionada
Comunidade Católica Instrumento de Deus
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